terça-feira, 22 de abril de 2008

A Bíblia ou as Profecias como Regra de Fé?

Qualquer iniciante em apologia sabe que para um grupo religioso ser classificado como seita herética ele precisa ferir alguma doutrina básica da Fé cristã (divindade de Cristo, Trindade, Bíblia como única regra de fé, etc). Mas será que nós, que nos autodenominamos cristãos íntimos de Deus e diferentes dessas seitas, consideramos de fato a Bíblia como nossa Única e Absoluta regra de Fé?
O que temos notado é que muitos crentes (especialmente os pentecostais) têm levado em consideração as profecias como se essas fossem tão inspiradas como a Bíblia, ou seja, como regra de fé e prática.
Muitos até querem justificar tal atitude baseando suas premissas em textos veterotestamentários como, por exemplo, II Cr 20.20, especificamente a última parte do verso que diz: “Crede nos seus profetas e prosperareis”, todavia será que esse texto do Antigo Testamento também se refere aos profetas do Novo Testamento? Vejamos:
1) Essas palavras foram proferidas quando o Cânon Bíblico (lista dos livros inspirados) estava em processo de formação. Hoje o Cânon já foi fechado, não podemos acrescentar e nem tirar nada da revelação Bíblica.
2) Existe uma exorbitante diferença entre o ministério profético da Igreja e o ministério profético do Antigo Testamento (como o ministério de Isaías, Jeremias etc). O que Isaías e os demais profetas profetizaram entrou para o Cânon Bíblico, ou seja, a profecia deles virou Palavra de Deus, diferentemente dos profetas na Igreja, visto que, o que os profetas profetizam desde o fechamento do Cânon não pode acrescentar e nem tirar nada do mesmo!
Esclarecendo: Uma pessoa pode até profetizar (eu não duvido disso), mas essa profecia não vai fazer parte da Bíblia e muito menos ter o mesmo nível de inspiração dela (Theopneustos) por que a revelação completa de Deus já nos foi dada! Além disso ninguém pode profetizar a hora que bem entender, visto que, segundo a Bíblia, nenhuma profecia foi produzida por vontade do homem, mas sim do Espírito de Deus.
Explicaremos agora o porquê, na prática, para muitos crentes a Bíblia já não é a Única Regra de Fé:
I - Muitos cristãos quando estão lendo a Bíblia (isso quando a lêem) não têm nenhum tipo de sensibilidade, não choram, não se emocionam, não esboçam nenhum sentimento. Todavia quando ouvem uma profecia são acometidos por uma emoção impressionante e se tornam as pessoas mais espirituais do mundo. Afinal, uma pessoa dessas considera a Bíblia como a maior profecia?
II - Em algumas igrejas alguns quando a Palavra está sendo pregada não param de conversar, de manifestar atitudes irreverentes, no entanto, quando o profeta se aproxima eles são tomados por uma reverência espantosa. Ora, a profecia merece mais reverência que a Soberana Palavra?
III - Há também aqueles que, por que não foram alvo de nenhuma profecia, saem de um culto dizendo que Deus não falou com eles. Será que nesse culto não teve leitura oficial? Hinos? Pregação? Ou será que esses crentes só consideram que Deus de fato falou com eles quando ouvem uma profecia? Porventura isso não é uma atitude de desprezo pela Santa Palavra?
IV - Sem contar os inúmeros casos em que crentes em adultério continuam nesse estado porque algum profeta disse a eles: “Assim diz o Senhor permaneça como estás”. Eles rejeitam a Bíblia que diz: não adulterarás e ficam com a profecia. Há casos em que maridos separam-se de suas esposas e arrumam outra “Rebeca” e têm a “cara de pau” de pedir confirmação a Deus e, o que acontece? Sim, lá vem o profeta dizendo: “Eis que confirmo esse negócio”. Ora, é claro que eles preferem ficar com a profecia a seguir o conselho Bíblico que diz para se concertarem.
Sem contar aqueles que dividem igrejas baseados em uma profecia. Isso é um total desprezo e descaso com a Palavra de Deus!
Obviamente não podemos duvidar que Deus pode falar do modo que ele quiser.
Como proceder então? Ora, bom seria se obedecêssemos ao mandamento Bíblico de I Co 14.29: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem”. Nesse texto observamos que não é pecado julgar as profecias ou pregações, pelo contrário, é um mandamento. A palavra julgar no texto vem do grego diakrino, e significa 1 separar, fazer distinção, discriminar, preferir 2 aprender por meio da habilidade de ver diferenças, tentar, decidir 2a determinar, julgar, decidir uma disputa 3 fugir de alguém, desertar 4 separar-se em um espírito hostil, opor-se, lutar com disputa, contender 5 estar em divergência consigo mesmo, hesitar, duvidar.
Como a maioria dos crentes que vive em funcção das profecias é de origem pentecostal deveriam imitar o procedimento adotado por Gunnar Vingren, fundador das Assembléias de Deus no Brasil. Vingren recebeu uma profecia nos EUA onde Deus lhe revelou para onde seria levado, com quem iria se casar, entre outros detalhes (Diário de um Pioneiro pg.27). No entanto, o próprio Gunnar Vingren admite: “... não é por meio de profecia, de interpretação e de línguas que devemos ser dirigidos. Isso nos foi dado para nossa edificação mais a direção verdadeira e a instrução necessária vem da Bíblia, que é a Palavra de Deus clara e infalível” (Diário de um Pioneiro pg.116).
se olharmos para reforma então, multiplican-se os argumentos contra a atitude de se colocar qualquer profecia acima ou em pé de igualdade com a Palavra de Deus.
Portanto, toda profecia, revelação, filosofia, crença, prática, pregação, livro, devem ser julgados de acordo com a Palavra de Deus. SOLA SCRIPTURA

Pv 30.6
Nunca declare que Deus disse alguma coisa que, de fato, ele não disse; se você fizer isso, ele o corrigirá e mostrará que você é mentiroso.
Ap 22.18,19
Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro.