A mente da Reforma
O homem responsável pela
sistematização doutrinária e pela expansão do protestantismo reformado foi João
Calvino. O “pai do protestantismo reformado” é Zwínglio. Mas o homem que moldou
o pensamento reformado foi João Calvino. Por isso, o sistema de doutrinas
adotado pelas Igrejas Reformadas ou Presbiterianas chama-se calvinismo.
Jean Cauvin, mais conhecido por
nós como João Calvino, nasceu em Noyon, França, em 10 de Julho de 1509. Aos 14
anos foi estudar em Paris preparando-se para entrar na universidade. Estudou
gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. Em
1523 foi estudar no famoso Colégio Montaigu.
Em 1528, com 19 anos, iniciou seus estudos em Direito e, depois, em Literatura. Em 1532 escreveu seu primeiro livro, um comentário à obra De Clementia de Sêneca. Em 1533, na reabertura da Universidade de Paris, escreveu um discurso atacando a teologia dos escolásticos e foi perseguido. Possivelmente foi neste período 1533-34 que Calvino foi convertido pelo Senhor, por influência de seu primo Robert Olivétan.
Em1536, a
caminho de Estrasburgo, encontrou uma estrada obstruída, o que o fez passar a
noite em Genebra. Como sua fama já o precedia, Farel o encontrou e o convenceu
a permanecer em Genebra para implantarem a Reforma Protestante naquela cidade.
Começou a escrever a obra magna da Reforma – As Institutas da
Religião Cristã. Em 1538 foi expulso de Genebra e viajou para Estrasburgo,
onde trabalhou como pastor e professor. Casou-se com uma viúva anabatista
chamada Idelette de Bure. Em 1541 foi convidado a voltar a Genebra. Em 1559
escreveu a edição final das Institutas e, no decorrer de seus poucos anos de
vida, escreveu tratados, centenas de cartas, e comentários sobre quase todos os
livros da Bíblia.
Em 27 de Maio de 1564, com 55 anos de idade, foi ao encontro do Senhor. O grande Teológo da Reforma, usado por Deus, influenciou o mundo com seus escritos. Sua piedade e dedicação ao estudo da Palavra são inspiradores.
ACMJ
www.seminariojmc.br
Em 1528, com 19 anos, iniciou seus estudos em Direito e, depois, em Literatura. Em 1532 escreveu seu primeiro livro, um comentário à obra De Clementia de Sêneca. Em 1533, na reabertura da Universidade de Paris, escreveu um discurso atacando a teologia dos escolásticos e foi perseguido. Possivelmente foi neste período 1533-34 que Calvino foi convertido pelo Senhor, por influência de seu primo Robert Olivétan.
Em
Em 27 de Maio de 1564, com 55 anos de idade, foi ao encontro do Senhor. O grande Teológo da Reforma, usado por Deus, influenciou o mundo com seus escritos. Sua piedade e dedicação ao estudo da Palavra são inspiradores.
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João
Calvino – Como ele foi? O que aprendemos dele?
No dia 10 de Julho de 2008 João
Calvino completaria 499 anos. Ele é o nosso mais ilustre desconhecido. Ouvimos
falar dele e de sua obra, mas sempre em citações passageiras e que muitas vezes
descobriram-no como a pessoa que foi. Minha primeira impressão sobre ele era
que fosse um homem brilhante, mas inflexível e rígido demais quanto a seus
princípios; um professor muito inteligente, porém de difícil relacionamento.
Contudo, ao vê-lo mais de perto, descobri que foi tanto brilhante como piedoso.
Calvino é um exemplo de fé cristã para nós. Ele nos dá exemplo que precisamos
aprender e seguir.
O período que viveu com exilado
em Estrasburgo (1538-41) retrata bem para nós quem foi João Calvino.
Calvino foi um pastor: Pastoreou
refugiados franceses na pequena igreja de S. Nicolas, situada junto ao muro sul
da cidade. Celebrava o sacramento da Ceia, dedicava-se à visitação pastoral e
pregava quatro sermões semanais. Traduziu vários salmos para a métrica francesa
para serem usado no canto congregacional. A igreja era pequena, mas cantava
alegremente sob o seu pastorado.
Calvino foi professor: Tornou-se
conferencista das Sagradas Escrituras na escola secundária local, onde dava
palestras três vezes por semana. Além disso, dava aulas particulares e advogava
nas horas vagas. Seu salário era um florim semanal, que recebeu a primeira vez
com seis meses de atraso, o que também o forçava a vender parte de seus livros
para sobreviver.
Calvino foi um escritor: Reeditou
e ampliou as Institutas em
agosto de 1539, e em 1541 editou a sua primeira tradução francesa. Publicou o Comentário
aos Romanos (1539). Outros três trabalhos
desse período são muito importantes: A Resposta a
Sodoleto, o primeiro tratado apologético da Reforma
Protestante, que foi responsável por sua volta a Genebra em 1541. A Forma
das Orações e Hinos Eclesiásticos (13 hinos),
direcionados à liturgia, constava da metrificação de Salmos. Calvino acreditava
que acima de tudo era importante cantar a Palavra. O
Pequeno Tratado Sobre a Ceia, como o seu primeiro esforço por chegar a uma
posição intermediária entre a posição memorial de Zwinglio e a consubstanciação
de Lutero quanto à presença de Cristo na Ceia [Leia estudo: A Transubstanciação - R. C. Sproul].
Calvino foi um estadista da
Igreja: Participou junto com Bucer e Capito,
(reformadores contemporâneos) de várias tentativas para unificar os
protestantes alemães e suíços. Inclusive encontros entre católicos e
protestantes, visando a unidades em Frankfurt, Hagenau e Worms. Desses encontros
nascera, sua amizades com Filipe Melanchthon (luterano) e suas inúmeras
correspondências com Bullinger (zuingliano). Desistiu de encontros com
católicos após 1541 quando percebeu a inflexibilidades católica quanto a seus
dogmas e doutrinas não fundamentadas nas Escrituras.
Calvino foi marido e hospitaleiro
pai de família. Casou-se com Idelete de Bure, uma holandesa,
viúva de um anabatista convertidos à fé reformada por intermédio do
próprio Calvino. Ela tinha dois filhos de seu primeiro casamento. Era graciosa,
porém de uma saúde muito precária, assim como Calvino também era. Dessa união
nasceu Jacques, nascido prematuro e morto ainda antes de completar um mês de
vida. Idelete faleceu prematuramente em 1546. Calvino nunca se casou novamente.
O que precisamos
aprender com Calvino?
1. Fidelidades às Escrituras.
Deixou claro que a teologia não
pode e não deve ser especulativa, mas submissa ao texto bíblico. O que o texto
bíblico diz está acima de qualquer interesse pessoal.
2. Amor para com a Igreja.
Dedicou-se à unidade da Igreja
enquanto via que era possível. Era amigo íntimo e conselheiro de vários
reformadores, reis, nobres e membros perseguidos de várias igrejas.
3. Teologia engajada.
A teologia de Calvino não era uma
teologia de gabinete, mas de um trabalho pastoral intenso. As Institutas não
são apenas um manual de teologia, mas um manual para a igreja viver e de uma
igreja viva que busca se expressar. A boa teologia é um guia para a vida!
4. Glória só a Deus.
Não se sabe com certeza onde foi
sepultado, pois pediu sigilo, a fim de que o seu nome não fosse exaltado, mas o
de Deus, que fizera toda a obra por seu intermédio.
Autor: Rev. Hélio de Oliveira Silva - http://revhelio.blogspot.com/ -
Presbiteriano, bacharel em teologia pelo SPBC – Goiânia e mestre em história da
Igreja pelo CPPGAJ.
Fonte: Jornal Brasil
Presbiteriano, pg. 19, Ano 50, nº 645 – Julho de 2008.
Ele viveu cinqüenta e quatro
anos, dez meses, e dezessete dias, e dedicou metade de sua vida ao sagrado
ministério. Ele tinha estatura mediana; a aparência sombria e pálida; os olhos
eram brilhante até mesmo na morte, expressando a agudez da sua compreensão.
Theodore Beza
Eu poderia feliz e proveitosamente assentar-me e passar o resto de minha vida somente com Calvino.
Carta de Karl Barth ao amigo Eduard Thurneysen, escrita em 8 de junho de 1922.
Calvino, falando das diversas calúnias que levantavam contra ele, partindo, inclusive, de falsos irmãos, diz:
Só porque afirmo e mantenho que o mundo é dirigido e governado pela secreta providência de Deus, uma multidão de homens presunçosos se ergue contra mim alegando que apresento Deus como sendo o autor do pecado. [...] Outros tudo fazem para destruir o eterno propósito divino da predestinação, pelo qual Deus distingue entre os réprobos e os eleitos.
O que nos chama a atenção na aproximação bíblica de Calvino é, primeiramente, o seu amplo e em geral preciso conhecimento dos clássicos da exegese bíblica, os quais cita com abundância, especialmente Crisóstomo, Agostinho e Bernardo de Claraval. Outro aspecto é o domínio de algumas das principais obras dos teólogos protestantes contemporâneos, tais como Melanchton – a quem considerava um homem de “incomparável conhecimento nos mais elevados ramos da literatura, profunda piedade e outros dons [e que por isso] merece ser recordado por todas as épocas" –, Bucer e Bullinger. Contudo, o mais fascinante é o fato de que ele, mesmo se valendo dos clássicos – o que, aliás, nunca escondeu –, conseguiu seguir um caminho por vezes diferente, buscando na própria Escritura o sentido específico do texto: a Escritura interpretando-se a si mesma.
Autor: Hermisten Costa
Fonte: Coleção Pensadores cristãos - Calvino de A a Z, Editora Vida, Compre este Livro emhttp://www.editoravida.com.br
Theodore Beza
Eu poderia feliz e proveitosamente assentar-me e passar o resto de minha vida somente com Calvino.
Carta de Karl Barth ao amigo Eduard Thurneysen, escrita em 8 de junho de 1922.
Calvino, falando das diversas calúnias que levantavam contra ele, partindo, inclusive, de falsos irmãos, diz:
Só porque afirmo e mantenho que o mundo é dirigido e governado pela secreta providência de Deus, uma multidão de homens presunçosos se ergue contra mim alegando que apresento Deus como sendo o autor do pecado. [...] Outros tudo fazem para destruir o eterno propósito divino da predestinação, pelo qual Deus distingue entre os réprobos e os eleitos.
O que nos chama a atenção na aproximação bíblica de Calvino é, primeiramente, o seu amplo e em geral preciso conhecimento dos clássicos da exegese bíblica, os quais cita com abundância, especialmente Crisóstomo, Agostinho e Bernardo de Claraval. Outro aspecto é o domínio de algumas das principais obras dos teólogos protestantes contemporâneos, tais como Melanchton – a quem considerava um homem de “incomparável conhecimento nos mais elevados ramos da literatura, profunda piedade e outros dons [e que por isso] merece ser recordado por todas as épocas" –, Bucer e Bullinger. Contudo, o mais fascinante é o fato de que ele, mesmo se valendo dos clássicos – o que, aliás, nunca escondeu –, conseguiu seguir um caminho por vezes diferente, buscando na própria Escritura o sentido específico do texto: a Escritura interpretando-se a si mesma.
Autor: Hermisten Costa
Fonte: Coleção Pensadores cristãos - Calvino de A a Z, Editora Vida, Compre este Livro emhttp://www.editoravida.com.br
As
Institutas da Religião Cristã é obra mais
influente da Reforma Protestante e depois das Escrituras Sagrada não há nada
que se compare a ela. Veja ao lado direito duas edições das Institutas publicado
pela Editora Cultura Cristã.
Thea B. Van Halsema¹ discorrendo
a história de Calvino, quando no trecho que fala da obra prima de Calvino - As
Institutas da Religião Cristã, ele escreve:
Foi assim que apareceu a poderosa
obra que recolheu da Palavra de Deus um completo sistema doutrinário. As
Institutas começaram com Deus, concluíram com Deus e encontraram todas as
coisas em Deus, o Deus triúno. Calvino escreveu com clareza, com uma lógica de
advogado. Escreveu eloqüentemente, como um autor que maneja com perícia as suas
palavras. Escreveu brilhantemente, com uma mente que aprende a inteireza da
verdade de Deus como é possível ao homem conhecê-la. Escreveu apaixonadamente,
com um coração devotado inteiramente ao seu Senhor. E escreveu humildemente,
porquanto sua vida tinha sido resgatada do lamaçal do pecado unicamente pela
graça de Deus. Ninguém havia escrito assim anteriormente. E, posteriormente,
ninguém conseguiu escrever de maneira a aproximar a magnificência com que
Calvino expôs as "verdades da religião cristã".
Síntese
biográfica do reformador João Calvino
João Calvino nasceu em Noyon,
nordeste da França, no dia 10 de julho de 1509. Seu pai, Gérard Calvin, era
advogado dos religiosos e secretário do bispo local. Aos 12 anos, Calvino
recebeu um benefício eclesiástico cuja renda serviu-lhe de bolsa de estudos.
• Em 1523, foi residir em Paris,
onde estudou latim e humanidades (Collège de la Marche) e teologia (Collège de
Montaigu). Em 1528, iniciou seus estudos jurídicos, primeiro em Orléans e
depois em Bourges, onde também estudou grego com o erudito luterano Melchior
Wolmar. Com a morte do pai em 1531, retornou a Paris e dedicou-se ao seu
interesse predileto - a literatura clássica. No ano seguinte publicou um
comentário sobre o tratado de Sêneca De Clementia.
• Calvino converteu-se à fé
evangélica por volta de 1533, provavelmente sob a influência do seu primo
Robert Olivétan. No final daquele ano, teve de fugir de Paris sob acusação de
ser o co-autor de um discurso simpático aos protestantes, proferido por
Nicholas Cop, o reitor da universidade. No ano seguinte, voltou a Noyon e
renunciou ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento
traduzido para o francês por Olivétan (1535).
• Em 1536 veio a lume primeira edição
da sua grande obra, As Institutas ou Tratado da Religião Cristã, introduzidas
por uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo em favor dos
evangélicos perseguidos. Alguns meses mais tarde, o reformador suíço Guilherme
Farel o convenceu a ajudá-lo na cidade de Genebra, que acabara de abraçar a
Reforma. Logo, os dois líderes entraram em conflito com as autoridades civis
sobre questões eclesiásticas, sendo expulsos em 1538.
• Calvino foi para Estrasburgo,
onde residia o reformador Martin Bucer. Atuou como pastor, professor,
participante de conferências e escritor. Produziu uma nova edição das
Institutas (1539), o Comentário da Epístola aos Romanos, a Resposta a Sadoleto
(uma apologia da fé reformada) e outras obras. Casou-se com a viúva Idelette de
Bure (falecida em 1549).
• Em 1541, Calvino retornou a
Genebra por insistência dos governantes da cidade. Assumiu o pastorado da
igreja reformada e escreveu para a mesma as célebres Ordenanças Eclesiásticas.
Por catorze anos, enfrentou grandes lutas com as autoridades civis e algumas
famílias influentes (os "libertinos"). Apesar de estar constantemente
enfermo, desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador,
professor e escritor. Produziu comentários sobre quase toda a Bíblia.
• Em 1555, os partidários de
Calvino finalmente derrotaram os "libertinos." Os conselhos
municipais passaram a ser constituídos de homens que o apoiavam. A Academia de
Genebra, embrião da futura universidade, foi inaugurada em 1559. Nesse mesmo ano,
Calvino publicou a última edição das Institutas. O reformador faleceu aos 55
anos em 27 de maio de 1564.
Autor: Rev.
Alderi Souza de Matos
Fonte: http://www.ipb.org.br/artigos/artigo_inteligente.php3?id=21
Fonte: http://www.ipb.org.br/artigos/artigo_inteligente.php3?id=21
A
Conversão de João Calvino
Não nos é possível precisar as
circunstâncias e data da “súbita conversão” de Calvino: contudo, as evidências
apontam para um período entre 1532-1534. Devemos estar atentos também para o
fato de que a vida de Calvino, mesmo antes da sua conversão, não fora marcada
por um comportamento dissoluto e imoral – já tão comum nos jovens de seu tempo
-, antes, a sua conversão, como observa Schaff, “foi uma transformação do
romanismo para o protestantismo, da superstição papal para a fé evangélica, do
tradicionalismo escolástico para a simplicidade bíblica”[1].
Crê-se que o seu primo Olivétan –
ainda que não isoladamente – teve uma participação importante na sua conversão
ao protestantismo. Lembremo-nos de que Calvino não é muito pródigo ao falar da
sua vida. No que se refere à sua conversão em 1539 diz:
“Contrariado com a novidade, eu
ouvia com muita má vontade e, no inicio, confesso, resisti com energia e
irritação; porque (tal é a firmeza ou descaramento com os quais é natural aos
homens resistir no caminho que outrora tomaram) foi com a maior dificuldade que
fui induzido a confessar que, por minha vida, eu estivera na ignorância e no
erro” [2].
Na Introdução do seu comentário
de Salmos (1557), diz que: “Inicialmente, visto eu me achar tão obstinadamente
devoto às superstições do papado, para que pudesse desvencilhar-me com
facilidade de tão profundo abismo de lama, Deus, por um ato súbito de
conversão, subjugou e trouxe minha mente a uma disposição suscetível, a qual era
mais empedernida em tais matérias do que se poderia esperar de mim naquele
primeiro período de minha vida”[3].
Também na já citada carta ao
Cardeal Sadoleto (01/09/1539), Calvino descreve as suas angústias espirituais
no romanismo, resultantes do que a igreja pregava [4]. No entanto, em nenhum
momento, Calvino menciona o instrumento humano usado por Deus.
Nota:
[1] – Philip Schaff, History of the Christian Church, Peabody, Massachusetts, Hendrickson Publishers, 1996, Vol. III, p. 310.
[2] Juan Calvino, Respuesta al Cardeal Sadoleto, 4ª ed. Barcelona, Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1990, p. 63.
[3] João Calvino, O livro de Salmo, São Paulo, Parakletos, 1999, Vol 1, p. 38.
[4] Vd. Juan Calvino, Respuesta al Cardeal Sadoleto, pp.61-64.
[1] – Philip Schaff, History of the Christian Church, Peabody, Massachusetts, Hendrickson Publishers, 1996, Vol. III, p. 310.
[2] Juan Calvino, Respuesta al Cardeal Sadoleto, 4ª ed. Barcelona, Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1990, p. 63.
[3] João Calvino, O livro de Salmo, São Paulo, Parakletos, 1999, Vol 1, p. 38.
[4] Vd. Juan Calvino, Respuesta al Cardeal Sadoleto, pp.61-64.
Autor: Dr. Hermisten Maia Pereira
da Costa
Fonte: Nota 1 da página 11, Vol I, As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã, tradução Odayr Olivetti.
Fonte: Nota 1 da página 11, Vol I, As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã, tradução Odayr Olivetti.
A OPINIÃO DE CALVINO SOBRE A
GUARDA DO SÁBADO (a quem possa interessar)
Como alguns membros de seitas
gostam de citar bastante Calvino e os reformadores em seus ensinos, trago aqui
um pouco da opinião de Calvino sobre o Sábado. O comentário completo de Calvino
sobre o quarto mandamento pode ser encontrado no segundo livro de suas
Institutas.
AINDA QUE CANCELADO, HÁ NO SÁBADO
ASPECTOS VIGENTES
Com efeito, por isso é que nas
velhas sombras não se devem numerar as duas
causas posteriores que se
enfeixam neste mandamento; ao contrário, convêm elas,
igualmente, em todos os séculos,
ainda que o sábado esteja cancelado, entre nós,
não obstante, ainda tem lugar
isto: primeiro, que nos congreguemos em dias deter-
minados para ouvir a Palavra,
para partir o pão místico, para as orações públicas;
segundo, para que se dê aos
servos e aos operários relaxação de seu labor.
Paira além de dúvida
que, na preceituação do sábado, o
Senhor teve em mira a
ambas. Sobejo testemunho tem a
primeira, mesmo que seja só no uso dos judeus. A segunda gravou-a Moisés no
Deuteronômio, nestas palavras: “Para que descanse teu servo, e tua serva, assim
como também tu; lembra-te de que também tu mesmo foste servo no Egito” [Dt 5.14,
15]. De igual modo, no Êxodo: “Para que descanse teu boi e teu jumento e tome
alento o filho de tua serva” [Êx 23.l2]. Quem há de negar que uma e outra nos convém,
exatamente como convinha aos judeus?
Reuniões de Igreja nos são preceituadas pela Palavra
de Deus, e sua necessidade
nos é suficientemente assinalada
pela própria experiência da vida. Como se podem elas realizar, a não ser que
tenham sido promulgadas e tenham seus dias estabelecidos? Segundo a postulação do
Apóstolo [1Co 14.40], todas as coisas entre nós devem ser feitas decentemente e com
ordem. Tão longe, porém, está
de que se possa conservar a
decência e a ordem, a não ser mediante esta organização e regularidade, as
quais, se se desfazem, sobre a Igreja pairam mui presente perturbação e ruína.
Pois se a mesma necessidade pesa
sobre nós, em socorro da qual o Senhor constituíra o sábado para os judeus, ninguém
alegue que ele não nos diz respeito. Ora, nosso providentíssimo e
indulgentíssimo Pai quis prover à nossa necessidade, não menos que à dos judeus.
Por que, dirás, não nos
congregamos antes diariamente, de sorte que, dessa forma, se ponha termo à
distinção de dias? Prouvera que, de fato, isto se nos concedesse! E, por certo,
a sabedoria espiritual era digna de que se lhe reservasse diariamente alguma
porçãozinha do tempo. Mas, se pela fraqueza de muitos não se pode conseguir que
se realizem reuniões diárias, e a norma da caridade não permite deles exigir
mais, por que não obedeçamos à norma que nos foi imposta pela vontade de
Deus?
O ESPÍRITO E FUNÇÃO DA OBSERVÂNCIA DO DOMINGO
Sou compelido a estender-me um
pouco mais aqui, porque alguns espíritos inquietos estão hoje a causar tumulto
por causa do Dia do Senhor. Acusam o povo cristão de ser nutrido no judaísmo, porquanto
retém certa observância de dias. Eu, porém, respondo que estes dias são por nós
observados aquém do judaísmo, porque nesta matéria diferimos dos judeus por
larga diferença. Pois, não o celebramos como uma cerimônia revestida com a mais
estrita religiosidade, pela qual pensamos representar-se um mistério espiritual.
Pelo contrário, tomamo-lo como um remédio necessário para reter-se ordem na
Igreja.
Ademais, Paulo ensina que os
cristãos não devem ser julgados por sua observância, uma vez ser ela mera
sombra da realidade futura [Cl 2.16, 17]. Por isso, arreceia-se de que haja
trabalhado em vão entre os gálatas, porque ainda observavam dias [G1 4.10, 11].
E aos romanos declara ser supersticioso se alguém julga entre dia e dia [Rm 14.5].
Quem, entretanto, exceto estes desvairados somente, não vê que observância o
Apóstolo tinha em mente?
Pois, aqueles a quem se dirigia não
contemplavam neste propósito a ordem política e eclesiástica; antes, como
retivessem os sábados e dias de guarda como sombras das coisas espirituais, obscureciam
em extensão correspondente a glória de Cristo e a luz do evangelho. Abstinham-se
dos labores manuais não por outra razão senão para que fossem embaraços aos sacros
estudos e meditações; e assim, com uma certa devoção,
sonhavam que, ao observá-lo, estavam
a rememorar mistérios dantes recomendados. Contra esta antagônica distinção de
dias, digo-o, investe o Apóstolo, não contra a legítima opção que serve à paz
da sociedade cristã. Com efeito, nas igrejas por ele estabelecidas, o sábado
era mantido para este propósito. Ora, prescreve ele esse dia aos coríntios, para
que se coletem ofertas a fim de serem socorridos os irmãos hierosolimitanos [1Co
16.2].
Se porventura se teme superstição,
muito mais perigo havia nos dias de guarda judaicos, nos dias do Senhor, do que
agora observam os cristãos. Pois, visto que para suprimir-se a superstição se
impunha isto, foi abolido o dia sagrado observado pelos judeus; e como era
necessário para se conservarem o decoro, a ordem e a paz na Igreja, designou-se
outro dia, o domingo para este fim.
O GENUÍNO SENTIDO DO DOMINGO
Contudo, não foi sem alguma razão
que os antigos escolheram o dia do domingo para pô-lo no lugar do sábado.
Ora, como na ressurreição do
Senhor está o fim e cumprimento daquele verdadeiro descanso que o antigo sábado
prefigurava, os cristãos são advertidos pelo próprio dia que pôs termo às
sombras a não se apegarem ao cerimonial envolto em sombras. Nem a tal ponto, contudo,
me prendo ao número sete que obrigue a Igreja à sua servidão, pois nem haverei
de condenar as igrejas que tenham outros dias solenes para suas reuniões, desde
que se guardem da superstição.
Isto ocorrerá, se se mantiver a
observância da disciplina e da ordem bem regulada.
A síntese do mandamento é: como
aos judeus a verdade era comunicada sob prefiguração, assim ela, em primeiro lugar,
nos é outorgada sem sombras, para que por toda a vida observemos um perpétuo
sabatismo de nossos labores, a fim de que
o Senhor em nós opere por seu
Espírito; em segundo lugar, para que cada um, indi-vidualmente, sempre que
disponha de lazer, se exercite diligentemente na piedosa reflexão das obras de
Deus. Então, ainda, para que todos a um tempo observemos a legítima ordem da
Igreja, constituída para ouvir-se a Palavra, para a administração dos
sacramentos, para as orações públicas. Em terceiro lugar, para que não oprimamos
desumanamente os que nos estão sujeitos.
E assim se desvanecem-se as
mentiras dos falsos profetas, os quais, em séculos transatos, imbuíram o povo
de uma opinião judaica, asseverando que nada mais foi cancelado senão o que era cerimonial neste
mandamento, com isto entendem em seu linguajar
a fixação do dia sétimo, mas remanescer o que é moral, isto é, a observância de
um dia na semana. Com efeito, isto outra coisa não é senão mudar o dia por
despeito aos judeus e reter em mente a mesma santidade do dia, uma vez que
ainda nos permanece nos dias sentido de mistério igual ao que tinha lugar entre
os judeus. E de fato vemos que proveito têm fruído com tal doutrina, pois
quantos deles se apegam às estipulações superam três vezes aos judeus em sua
crassa e carnal superstição de sabatismo, de sorte que as reprimendas que lemos
em Isaías [1.13-15; 58.13] nada
menos lhes convêm hoje que
àqueles a quem o Profeta increpava em seu tempo. Contudo, importa manter-se, principalmente,
o ensino geral: para que a religião não pereça ou enlanguesça entre nós, devem
ser realizadas diligentemente as reuniões sagradas e deve dar-se atenção aos
meios externos que servem para fomentar o culto divino.